Tema Geral: A Grande Aventura: De Lagos ao Japão

Os Descobrimentos Marítimos e a Diáspora Portuguesa foram uma realidade que revolucionou o nosso mundo. Pela primeira vez na História, o mar ligou a Europa a povos, culturas e continentes que eram desconhecidos ou mesmo pouco conhecidos. Entre 1415 e 1542/43, os portugueses viajaram desde a Terra Nova ao Japão, do outro lado do mundo. Tudo começou em Lagos e na sua baía.

 

A ligação de Lagos com o mar é antiquíssima e intensa. Antes das Descobertas do Século XV, esta zona foi associada ao fim do mundo, pelos povos clássicos. Para além das rochas da nossa Costa de Oiro e do Promontório Vicentino ficava o desconhecido, o mar tenebroso e assustador para os navegantes. Esses mitos começaram a ser dissipados a partir do momento em que o Infante D. Henrique e as gentes de Lagos empreenderam expedições marítimas no Atlântico e nas costas de África. A dinâmica das Descobertas não parou e num espaço de pouco mais de um século chegou ao Extremo-Oriente.

 

Por todas estas razões, esta nova edição do nosso Festival celebra a importância global dos Descobrimentos Marítimos Portugueses e o papel de Lagos e das suas gentes, do Algarve e dos Algarvios nos seus vários momentos e dinâmicas. É a celebração da Grande Aventura, que foi de Lagos ao Japão.

 

 

SUBTEMAS

 

30 de abril (4.ª feira)

O Fim do Mundo e o Desconhecido – Início do século XV

Até ao momento em que os navegadores e navios portugueses começaram a descobrir novos territórios, novas rotas e novas gentes, a visão que a Europa tinha de si mesma e do mundo era fachada e, sobretudo, limitada entre o Mar Mediterrâneo e o Norte da Europa. Era um mundo limitado pela visão da Antiguidade, de uma terra que era plana e de um oceano desconhecido, vasto e tenebroso, com ilhas fantásticas e povoado de monstros aterradores, que intimidavam os navegadores.

 

1 de maio (5.ª feira)

Lagos, o Infante e os Navegadores – Século XV

Lagos, a sua baía e a zona envolvente foram o ponto de partida da aventura que foram os Descobrimentos Marítimos Portugueses. Foi a base de operações do Infante D. Henrique, dos seus colaboradores e de outros empreendedores que partiram à descoberta de terras desconhecidas, de outros povos e de novos produtos. D. Henrique, o Príncipe dos Descobrimentos, procurou Lagos e o Algarve por ser um ponto de contacto entre comerciantes e onde trabalhavam pescadores e marinheiros com muita experiência. Entre os nomes mais importantes, responsáveis ou participantes em viagens e expedições às costas de África, temos os de Gil Eanes (que ultrapassou o Cabo Bojador, em 1434), Lançarote e Soeiro da Costa (que efetuaram uma expedição às costas da Mauritânia). Outra importante viagem ocorreu a 22 de março de 1455, quando Vicente Dias, de Lagos, comandou a caravela do veneziano Alvise de Cadamosto numa viagem às costas da Guiné.

 

2 de maio (6.ª feira)

O Sonho da Índia – Século XVI

O principal objetivo dos portugueses foi chegar à Índia por mar. Procuravam-se Cristãos e especiarias. Foi mais fácil encontrar as desejadas especiarias. Havia a antiga tradição de uma Índia Cristã, evangelizada por S. Tomé. As construções religiosas da Índia impressionaram os portugueses. Pensava-se que eram igrejas cristãs católicas. O número de membros do corpo de alguns “santos” levantou algumas dúvidas. Anos depois, percebeu-se que, afinal, aquelas paragens eram habitadas por mais Mouros dos que existiam na costa do Norte de África. As gentes de Lagos participaram, também, nas navegações no Índico, bem como na construção da presença portuguesa no Oriente. Por um lado, os pilotos navais de Lagos foram dos mais conceituados naqueles mares. Por outro, uma das mais importantes personalidades destes tempos foi o 1.º Arcebispo

de Goa, D. Gaspar Leão, um lacobrigense.

 

3 de maio (sábado)

Os Portugueses em Terras do Sol Nascente – Século XVI

Os portugueses foram o primeiro povo ocidental a chegar ao Japão, por volta de 1542 43. O encontro ocorreu na Ilha de Tanegashima. Os nomes de Fernão Mendes Pinto, de António da Mota, de António Peixoto, de Francisco Zeimoto, de Diogo de Freitas, de Diogo Zeimoto e de Cristóvão Borralho ficaram associados aos primeiros contactos que ocorreram entre Portugal e o Japão. A realidade cultural e social alterou-se e enriqueceu-se com os contactos entre os dois povos. Os religiosos Jesuítas propagaram a Fé Cristã, surgiram novas palavras de origem portuguesa no Japão e até novos hábitos, como a confeção de uma nova sobremesa – o kasutera – a versão japonesa do pão-de ló português.

 

4 de maio (domingo)

Os Amores de uma Princesa e de um Aventureiro Português – Século XVI

Entre outras inovações, os portugueses levaram para o Japão as armas de fogo. Essa tecnologia veio a revelar-se importante na história política e social do arquipélago nipónico. Na ilha onde os portugueses desembarcaram, Tanegashima, o senhor local, Tokitaka, interessou-se muito pela espingarda. Serviu-se da sua filha, a princesa Wakasa, para descobrir o segredo da nova arma junto dos estrangeiros. Porém, Wakasa acabou por se apaixonar por Fernão Mendes Pinto e teve um filho. Entretanto, os portugueses partiram e Wakasa esperou pelo seu amado durante anos. Diz-se que vendo uma caravela no horizonte, partiu mar adentro na sua direção. O túmulo da princesa, no Cabo Kadakura, tem flores frescas todos os dias. É o símbolo da primeira história de amor entre um ocidental e uma japonesa, um amor impossível e a lenda de uma princesa desaparecida.

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